quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Uma Alegoria da Arquitetura

Carle Vanloo (1705-1765) nasceu em Nice, na França, mas ainda jovem juntou-se ao irmão na Itália. Em Roma, foi formado pelo pintor Benedetto Lutti (1666-1724) e pelo escultor Pierre Legros (1666-1719). De volta a Paris em 1719, estudou na Académie Royale, onde ganhou o primeiro prêmio de desenho em 1723. Posteriormente, recebeu o Prix de Rome e passou vários anos nesta cidade. Após seu retorno a Paris, ele teve um grande sucesso e produziu pinturas para a corte e a alta sociedade parisiense. Ele era o amigo e o principal rival de François Boucher (1703-1770) e treinou muitos artistas importantes da geração seguinte, como Jean-Honoré Fragonard (1732-1806), Gabriel-François Doyen (1726-1806), Bernard Lépicié ( 1698-1755) e Louis Lagrenée (1725-1805). 

A pintura "Uma alegoria da Arquitetura" pertence a um conjunto de quatro pinturas que ilustram quatro alegorias encarnadas por crianças (Música, Arquitetura, Escultura e Pintura). A pintura original de Carle Vanloo foi concebida como um painel decorativo sobre a porta do Salon de Compagnie, da Madame de Pompadour, em seu castelo em Bellevue. É um bom exemplo da arte decorativa francesa da moda de meados do século XVIII, do período Rococó, que favorecia a representação de brincadeiras infantis travessas.


Uma Alegoria da Arquitetura, Carle Vanloo
Uma Alegoria da Arquitetura, Carle Vanloo, óleo sobre tela, final séc. XVIII.
Victoria andAlbert Museum, Inglaterra.  



quarta-feira, 28 de outubro de 2020

RECUPERADA OBRA DO ARTISTA NEGRO NORTE AMERICANO JACOB LAWRENCE

Uma pintura do artista negro norte americano Jacob Lawrence (1917 - 2000) foi localizada na residência de um casal de idosos, que haviam adquirido a obra em um leilão de caridade em 1960, sem saber da importância do quadro. 

A pintura, que estava desaparecida do Museu Metropolitano de Arte de Nova York desde 1960, junto com outras cinco obras perdidas, faz parte de uma séríe de 30 quadros que retratam a história afro-americana, intitulada: Struggle: From the History of the American People (Luta: Da História do Povo Americano).

There are combustibles in every State, which a spark might set fire to.



A tela localizada é There are combustibles in every State, which a spark might set fire to (Existem combustíveis em todos os Estados que podem ser atingidos por uma faísca). Ela apresenta a Rebelião de Shays, que ocorreu entre 1786 e 1787, no estado de Massachusetts, quando agricultores se revoltaram contra os impostos, liderados por Daniel Shays. Os protestos tiveram seu ápice no dia 25 de janeiro de 1787 quando três mil insurgentes marcharam até a cidade de Springfield, tentando derrubar o governo, sem sucesso. Apesar do fim da rebelião, os governantes posteriormente realizaram a Convenção Constitucional que elaborou a Constituição dos EUA. 

O quadro foi emprestado pelo casal ao Museu e irá compor uma exposição itinerante pelos EUA.

Fonte: UOL, 2020. 

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

EDOUARD MANET E O REALISMO

 

Antes de participar do movimento impressionista, Edouard Manet (1832 - 1883) pintava segundo a estética do Realismo. O Realismo foi um estilo artístico caracterizado pela objetividade e pelo interesse em temas sociais. Os artistas realistas repudiavam a artificialidade do Neoclassicismo e do Romantismo. As obras privilegiavam cenas cotidianas dos grupos sociais menos favorecidos. Em sua pintura Olympia o artista retratou uma prostituta deitada nua, enquanto uma mulher negra lhe entrega flores. A obra foi exibida no Salão de Paris em 1865, sendo muito criticada por sua ousadia e o tema considerado vulgar. Em Olympia, Manet usa a Vênus de Urbino, do artista renascentista Ticiano, como referente assinalando o despontar do modernismo, quebrando com o conceito de originalidade na arte.


Vênus de Urbino, Ticiano, 1538, óleo sobre tela, 119 x 165 cm, Itália.

Vênus de Urbino, Ticiano, 1538, óleo sobre tela, 119 x 165 cm, Itália.




Olympia, Manet, 1863, óleo sobre tela, 130,5  × 190, Paris.


quinta-feira, 23 de julho de 2020

SALÃO DO BAR BRASIL

A Exposição do Salão Bar Brasil, em Belo Horizonte, 1936, foi uma mostra de questionamento à produção artística tradicional. Durante a XII Exposição da Sociedade Mineira de Belas Artes, os artistas que se reuniam no Bar do Cine Brasil, organizaram uma apresentação concorrente de seus trabalhos, liderados por Delpino Júnior. A exposição do Bar Brasil, de pretensões modernas, teve apoio da Prefeitura de Belo Horizonte e contou com a presença dos intelectuais e da imprensa local. Alberto Delpino, Djanira Seixas Coutinho, Genesco Murta, Renato Lima, Franciso Rocha, J. J. Neves, Fernando Pierucetti e Renato Lima, foram alguns dos artistas participantes e que afirmavam o desejo de afastar a pobreza do ambiente artístico mineiro.  

Entre os trabalhos premiados, estavam os desenhos Jornaleiros e Miséria, de Fernando Pierucetti. Seus trabalhos apresentavam os desconhecidos do cotidiano recente na cidade moderna de Belo Horizonte, rompendo com a estética mineira tradicional das igrejas e do passado colonial. Com medo de ser considerado comunista e sofrer perseguição policial, o artista assina as obras com o pseudônimo Luiz Alfredo. 



Fernando Pierucetti. Jornaleiros. 1936. Carvão/Papel. 75,5 x 60 cm.
Museu Mineiro. Belo Horizonte


Fernando Pierucetti. Miséria. 1936. Carvão/Papel. 58 x 70 cm. Museu Mineiro. Belo Horizonte. 












FONTE: 
VIVAS, Rodrigo. 1944. Do pincel à gilete: a arte moderna em Belo Horizonte. In: CAVALCANTI, Ana Maria Tavares; OLIVEIRA, Emerson Dionísio; COUTO, Maria de Fátima Morethy; MALTA, Marize. Histórias da Arte em exposições. Rio de Janeiro: Rio Books, 2017. 

sexta-feira, 17 de julho de 2020

ASSIM BRILHE A VOSSA LUZ

Uma conversa sobre o acervo de lamparinas do período bíblico no acervo do Museu de Arqueologia Bíblica (MAB UNASP EC). Participação da museóloga Dra Janaina Xavier e da teóloga Thais Benedetti.


quarta-feira, 15 de julho de 2020

POSTA LIXO, REGINA VATER


Em 1974, ao visitar os espaços turísticos e culturais de NY, a artista carioca Regina Vater (1943) registra imagens paradoxais da cidade considerada a capital da cultura e da vanguarda. Para Vater, NY é um cenário urbano distópico, onde os dejetos e descartes da sociedade de consumo aparecem nas fotografias como algo que  se sobressai ao imaginário turístico glamoroso. A imagem de lixo urbano também contrapõe a função idealizada para os cartões postais de representar cenários aprazíveis. A obra foi enviada ao Diretor do MAC USP, Walter Zanini para a exposição coletiva VIII JAC (Jovem Arte Contemporânea). Fonte: FREIRE, Cristina (org). Terra Brasilis: arte brasileira no acervo conceitual do MAC USP. São Paulo: MAC USP, 2019.


Posta Lixo,  Regina Vater,1974. Arte Postal endereçada a Zanini, Nova York.











sexta-feira, 10 de julho de 2020

CULTURA NACIONAL


Apenas 10,4% dos 5.570 municípios brasileiros têm um cinema, 23,4% possuem teatro ou sala de espetáculos, 27,2%, museu, e 37%, um centro cultural.  As bibliotecas públicas são o equipamento mais presente no País: estão em 97,1% das cidades (IBGE, 2014).



Fonte: PENNAFORT, Roberta. Só 10% das cidades brasileiras têm cinema e menos de um quarto possui teatro. Jornal O Estadão. 14 Dez. 2015. Disponível em: http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,so-10-das-cidades-brasileiras-tem-cinema-e-menos-de-um-quarto-possui-teatro,10000004766 


quinta-feira, 2 de julho de 2020

HERÓI

Anna Maria Maiolino (Itália, 1942) é uma das artistas brasileiras de maior reconhecimento internacional. Migrou para o Rio de Janeiro em 1960, depois de iniciar seus estudos artísticos na Venezuela. No Rio, participou do movimento chamado Nova Figuração, distanciando-se das formas tradicionais da arte, como a pintura de cavalete. Tais mudanças de linguagem implicaram um engajamento político dos artistas, na medida em que o caráter coletivo dos trabalhos incorporava temas de interesse público, refletindo os fortes conflitos sociais e políticos da época. ‘O herói’ pode ser interpretado como uma denúncia do autoritarismo no Brasil sob o comando dos militares na época. A caveira é uma alusão à morte, alegoria da violência militar do período. Embora entende-se que 1968 tenha inaugurado o período mais duro da ditadura militar, com a perseguição política sistematizada pelo decreto AI- 5, desde 1964 empregaram-se métodos de controle, intimidação, tortura e extermínio. Assim, a obra de Maiolino, de 1966, antecipava a crítica às violações dos direitos humanos da ditadura brasileira. O termo ‘herói’ é uma ironia; questiona o caráter dessa figura, que se orgulha de suas medalhas e está a serviço do poder. Esta é a segunda versão da obra, com as medalhas originais, pois a primeira foi destruída. Fonte: MASP, 2020

Fonte: Acervo MASP - Anna Maria Maiolino, O herói, 1966, doação da artista.

domingo, 28 de junho de 2020

LUCY CITTI FERREIRA

Lucy Citti Ferreira (1911-2008) nasceu em São Paulo mas viveu a infância e a juventude na França. Em 1930 ingressou no curso noturno de desenhos de modelos clássicos da Escola Regional de Belas Artes em Havre, na França. Entre 1932 e 1934 estudou na Escola Nacional de Belas Artes, em Paris. Expôs no Grand Palais e no Salon des TuileriesNo ano seguinte, em 1935, retornou a São Paulo, em plena efervescência modernista Mário de Andrade apresentou a pintora aao artista judeu e lituano Lasar Segall. Foi sua aluna, assistente e modelo até seu retorno à Paris em 1947, integrando grupos artísticos. 

O reconhecimento de seu trabalho veio por meio da menção honrosa no Salão Paulista de Belas Artes, em 1935, de sua participação no 2º Salão de Maio, em 1938, e de sua primeira mostra individual, realizada no Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), em São Paulo, e na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro, em 1938. 

Apesar de ter deixado uma prolífica produção, a circulação de seu trabalho foi limitada pela crítica da época que a via apenas como ‘seguidora de Segall’- como se não existisse a possibilidade de uma colaboração horizontal e influência mútua entre os dois artistas (MASP, 2020)

Entre os temas que pintou durante sua permanência no Brasil estão a maternidade, retratos e autorretratos, a guerra e as tensões sociais da época (1935 - 1947). Retratou amigos e a si mesma em diversas obras, com o uso de um espelho. A imagem que vemos em ‘Autorretrato’ (1937) é possivelmente o ponto de vista desse espelho, que testemunha o início de uma nova tela. Os olhos expressivos da artista atraem o observador como se o conduzisse para dentro da personagem. As mãos da pintora também recebem especial atenção: em primeiro plano, portam seu instrumento de trabalho, um fino pincel e um godê – a artista é a modelo e a protagonista de sua obra (MASP, 2020).

Autorretrato, Lucy Citti Ferreira, 1937,  óleo sobre tela, acervo MASP.



domingo, 14 de junho de 2020

EQUILÍBRIO


O equilíbrio é a combinação das formas na composição trazendo sensação de estabilidade das forças. A posição das formas, sua inclinação, a presença da simetria ou assimetria, a compensação das forças e pesos interferem  na percepção de equilíbrio da obra de arte. 
Quando há ausência de equilíbrio as formas sugerem tensão e desestabilidade, queda ou fuga. Segundo Arnheim (2012), para o olho sensível o equilíbrio dos pontos (eixos / forças) é animado de tensão. Há o equilíbrio físico e o equilíbrio visual. Fatores como tamanho, cor ou direção contribuem para o equilíbrio visual de maneiras não necessariamente às condições físicas. Numa composição equilibrada, todos os fatores como configuração, direção e localização determinam-se mutuamente de tal modo que nenhuma alteração parece possível. Uma composição desequilibrada parece acidental, transitória, e, portanto, inválida. Seus elementos apresentam uma tendência para mudar de lugar ou forma a fim de conseguir um estado melhor. 
Nas esculturas abaixo, os artistas exploram a questão do equilíbrio físico e visual de modo bastante interessante, criando situações de tensão, leveza, harmonia, repulsão. 


Fredrik Raddum, Transferência , 2017, bronze, Noruega

Emil Alzamora, Albedo, 2014, bronze, EUA 

Bruno Catalano, Viajante, 2013, bronze, França

Jerzy Kedziora, Homem atravessando o rio, 2004, bronze, Polônia



ARNHEIM, Rudolf. Arte e percepção visual: uma psicologia da visão criadora. 10. ed. São Paulo, SP: Cengage Learning, 2012.

quarta-feira, 20 de maio de 2020

UM GOLDEN RETRIEVER NO MUSEU

A pintura Um Golden Retriever no Museu (2013) do artista norte americano Tom Mosser foi leiloada por US$ 8100 doados para o Banco de Alimentos de Pittsburgh. A pintura representa o cachorro do artista, Lucas, olhando a pintura de uma bola de tênis. Segundo o artista, a obra é um presente para todos os donos de cães. A pintura teve uma grande repercussão e pessoas do mundo inteiro mandaram mensagens de agradecimento ao artista. Cópias da obra e reproduções em  camisetas também estão sendo feitas para arrecadar fundos assistenciais. 

Fonte: Tom Mosser. Disponível em: https://www.facebook.com/agoldenretrieveratthemuseum/ 

A Golden Retrivier at museum, óleo sobre tela, 2013.

Lucas e Tom Mosser

Lucas e Tom Mosser na campanha para arrecadação de fundos.

quarta-feira, 13 de maio de 2020

HISTÓRIA E FOTOJORNALISMO

O fotógrafo Evandro Teixeira (1935), reconhecido como um dos maiores nomes do fotojornalismo brasileiro, registrou por meio de suas lentes, grandes acontecimentos do país e do mundo nas últimas décadas. Em 1962, ele foi convidado para trabalhar no Jornal do Brasil, no Rio de Janeiro, um dos mais relevantes jornais da época. Entre suas milhares de imagens, destacam-se os registros que fez da Passeata dos Cem Mil, em 1968, no Rio de Janeiro. A manifestação histórica, que ocorreu no dia 26 de junho de 1968, foi organizada pelo movimento estudantil, e contou com a participação de artistas, intelectuais e representantes de diversos setores da sociedade brasileira. Os participantes percorreram as ruas do centro do Rio de Janeiro e pararam para ouvir o discurso do líder estudantil Vladimir Palmeira, que foi preso dias depois. A passeata é considerada um dos maiores protestos da sociedade civil da América Latina. Em uma das fotos, Evandro Teixeira exibe a massa de participantes e uma enorme faixa com os dizeres “Abaixo a Ditadura. Povo no Poder”. A foto foi motivo de uma pesquisa e publicação do fotógrafo, lançada em 2008, intitulada 68 destinos que reúne entrevistas de 100 pessoas identificadas na imagem. Assim como outras produções artísticas e culturais, as imagens produzidas pelo fotojornalismo são fontes historiográficas que devem ser exploradas no estudo da história contemporânea, trazendo importantes camadas de discussão que outras fontes históricas não são capazes de proporcionar.  

Passeata dos Cem Mil, Evandro Teixeira, 26 de junho de 1968.



domingo, 10 de maio de 2020

A ATUALIDADE DE DONA FLOR

Em tempos de ânimos acirrados, de manifestações calorosas e discursos agressivos, cabe lembrar o romance Dona Flor e seus dois maridos, de Jorge Amado (1976). O texto de Amado expressa essa dubiedade da identidade social brasileira. Refletindo sobre, o sociólogo, crítico literário e professor Antônio Cândido de Mello e Souza (1918-2017) afirma: 

“Um dos maiores esforços das sociedades, através da sua organização e das ideologias que a justificam, é estabelecer a existência objetiva e o valor real dos pares antitéticos, entre os quais é preciso escolher, e que significam lícito e ilícito, verdadeiro ou falso, moral ou imoral, justo ou injusto, esquerda e direita política, e assim por diante. Quanto mais rígida a sociedade, mais definido cada termo e mais apertada a opção. E uma das grandes funções da literatura satírica, do realismo desmistificador e da análise psicológica é o fato de mostrarem, cada um ao seu modo, que os referidos pares são reversíveis, não estanques, e que fora da racionalização ideológica as antinomias convivem num curioso lusco-fusco”. CÂNDIDO, Antônio. O discurso e a cidade. São Paulo: Duas Cidades, 1993, p. 47. 

domingo, 5 de abril de 2020

ESTÉTICA MEDIEVAL


  • Acreditavam na existência de um mundo divino (Deus) e um mundo visível (homem). Os homens se dividem em três categorias: os que oram (igreja), os que combatem (rei) e os que trabalham (povo).
  • A arte como teofania (manifestação de Deus) e os ícones como um canal de devoção. Caráter didático de educação de um povo rude e iletrado e para glorificar a Igreja.
  • A estética era um ramo da teologia. Se opunha ao naturalismo. A beleza física e sensual era condenada por motivos morais e religiosos.
  • A beleza como radiância da verdade, esplendor da perfeição (luz), apreensível pela razão. Pertence a Deus. Manifesta-se na harmonia, na matemática e na proporção.
  • A Catedral era um modelo do cosmo, reproduzindo em suas proporções matemáticas a cidade Celeste. 
  • A composição é simétrica (em Deus nada é torto), luminosa e sem o preto (em Deus não há escuridão.

“Na opinião da Idade-Media, a arte seria supérflua se toda a gente soubesse ler e seguisse uma corrente abstrata de raciocínio; a arte foi originalmente considerada como simples concessão as massas ignorantes, tão facilmente influenciáveis pelas impressões dos sentidos. Não se permitia, por certo, que ela consistisse num “mero prazer para os olhos”, como disse São Nilo. O caráter didático e o traço mais típico da arte crista, em confronto com a dos antigos”. HAUSER, Arnold. A Teoria Social da Arte (1951).


“Enquanto a multidão, alternativamente, mostra os quadros uns para os outros, ou se põe a examiná-los espontaneamente, já demora mais do que antes a pensar em festas, e se alimenta com os olhos em vez de alimentar-se com os lábios. Dessa maneira, enquanto se maravilha com as pinturas, esquece a fome, um hábito melhor se apodera gradualmente de todos, que ao lerem as histórias sagradas, aprendem com os exemplos piedosos quão estimáveis são as santas ações e quão satisfatória para a sede é a sobriedade” (Paulinus, Bispo de Nola, Nápoles, Século V). 


Retábulo de São Francisco, 1235, Bonaventura Berlinghieri, têmpera sobre madeira, 152x107 cm, Igreja de São Francisco, Pescia, Toscana, Itália.  Retabulo de sua vida (pregando aos pássaros) e seus milagres (cura da menina do pescoço torto (embaixo à esquerda), dos estropiados, do mendigo Bartolomeu e da possessa de Narni (à direita) que lhe canonizaram.




Exaltación de la Orden Dominicana,  Capela dos Espanhois,  1365, Andrea de Bonaiuto,  Igreja de Santa Maria Novella.  A igreja conduzindo os homens para o céu por meio do papa Bento XI e São Tomás de Aquino.  




Bíblia de Reims, 870, Roma. Cena do recenseamento de Israel com a arca da aliança. 



Evangelário do imperador Otto III, Itália, séc. X. Otto coroado no trono, segura o cetro e a orbe (globo com cruz). Do lado esquerdo dois bispos e do direito dois homens do exército com suas armas. 





Evangelário de Bamberg, Alemanha, 1030. Cena do Evangelho de João: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele”.



 Comentário do Apocalipse, Beatos de Liebana, Espanha, c. 1000. Cena de Adão e Eva e o pecado original. 

Referências:

BAYER, Raymond. História da Estética. Lisboa: Editorial Estampa, 1979.
BRANDÃO, Carlos Antônio Leite. A formação do homem moderno vista através da arquitetura. Belo Horizonte: UFMG, 1999. 
HAUSER, Arnold. História Social da Arte. São Paulo: Mestre Jou, 1951.
HINRICHSEN, Luís Evandro. A experiência estética segundo Santo Agostinho: Beleza, unidade, conversão e transcendência. Revista Civitas Augustiniana, n. 3, 2014, p. 33-66.
HUISMAN, Denis. A Estética. 2ª ed. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1961.
OSBORNE, Harold. Estética e Teoria da Arte: Uma introdução histórica. São Paulo: Cultrix, 1968.
SUASSUNA, Ariano. Iniciação à Estética. 2ª ed. Recife: Editora UFPE, 1979. 


quarta-feira, 1 de abril de 2020

ARTE MEDIEVAL

O mais belo dos tímpanos românicos talvez seja o de Vézelay, cerca de Autun, na Borgonha. O seu tema, a Missão dos Apóstolos, tinha uma significação especial nessa época de cruzadas, visto que proclamava o dever, para todo o cristão, de levar o Evangelho até aos confins da Terra. Das mãos de Cristo, que ascende majestosamente ao Céu, emanam os raios luminosos do Espírito Santo, caindo sobre os Apóstolos, todos com textos da Sagrada Escritura, alusivos à sua missão. O lintel (verga superior) e os compartimentos em redor do grupo central estão ocupados por representantes do mundo pagão, uma verdadeira enciclopédia da antropologia medieval que inclui toda a espécie de raças lendárias. Na arquivolta (o arco que envolve o tímpano) reconhecemos os signos do Zodíaco e alguns dos trabalhos próprios de cada mês do ano, para indicar que a pregação da Fé não tem limites no tempo, nem no espaço. JANSON, H. W. História da Arte: panorama das artes plásticas e da arquitetura da Pré-História à atualidade. 3ª ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1984, p. 276.

Madeleine de Vézelay, França, 1104. Detalhe Tímpano da Missão dos Apóstolos.