domingo, 28 de junho de 2020

LUCY CITTI FERREIRA

Lucy Citti Ferreira (1911-2008) nasceu em São Paulo mas viveu a infância e a juventude na França. Em 1930 ingressou no curso noturno de desenhos de modelos clássicos da Escola Regional de Belas Artes em Havre, na França. Entre 1932 e 1934 estudou na Escola Nacional de Belas Artes, em Paris. Expôs no Grand Palais e no Salon des TuileriesNo ano seguinte, em 1935, retornou a São Paulo, em plena efervescência modernista Mário de Andrade apresentou a pintora aao artista judeu e lituano Lasar Segall. Foi sua aluna, assistente e modelo até seu retorno à Paris em 1947, integrando grupos artísticos. 

O reconhecimento de seu trabalho veio por meio da menção honrosa no Salão Paulista de Belas Artes, em 1935, de sua participação no 2º Salão de Maio, em 1938, e de sua primeira mostra individual, realizada no Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), em São Paulo, e na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro, em 1938. 

Apesar de ter deixado uma prolífica produção, a circulação de seu trabalho foi limitada pela crítica da época que a via apenas como ‘seguidora de Segall’- como se não existisse a possibilidade de uma colaboração horizontal e influência mútua entre os dois artistas (MASP, 2020)

Entre os temas que pintou durante sua permanência no Brasil estão a maternidade, retratos e autorretratos, a guerra e as tensões sociais da época (1935 - 1947). Retratou amigos e a si mesma em diversas obras, com o uso de um espelho. A imagem que vemos em ‘Autorretrato’ (1937) é possivelmente o ponto de vista desse espelho, que testemunha o início de uma nova tela. Os olhos expressivos da artista atraem o observador como se o conduzisse para dentro da personagem. As mãos da pintora também recebem especial atenção: em primeiro plano, portam seu instrumento de trabalho, um fino pincel e um godê – a artista é a modelo e a protagonista de sua obra (MASP, 2020).

Autorretrato, Lucy Citti Ferreira, 1937,  óleo sobre tela, acervo MASP.



domingo, 14 de junho de 2020

EQUILÍBRIO


O equilíbrio é a combinação das formas na composição trazendo sensação de estabilidade das forças. A posição das formas, sua inclinação, a presença da simetria ou assimetria, a compensação das forças e pesos interferem  na percepção de equilíbrio da obra de arte. 
Quando há ausência de equilíbrio as formas sugerem tensão e desestabilidade, queda ou fuga. Segundo Arnheim (2012), para o olho sensível o equilíbrio dos pontos (eixos / forças) é animado de tensão. Há o equilíbrio físico e o equilíbrio visual. Fatores como tamanho, cor ou direção contribuem para o equilíbrio visual de maneiras não necessariamente às condições físicas. Numa composição equilibrada, todos os fatores como configuração, direção e localização determinam-se mutuamente de tal modo que nenhuma alteração parece possível. Uma composição desequilibrada parece acidental, transitória, e, portanto, inválida. Seus elementos apresentam uma tendência para mudar de lugar ou forma a fim de conseguir um estado melhor. 
Nas esculturas abaixo, os artistas exploram a questão do equilíbrio físico e visual de modo bastante interessante, criando situações de tensão, leveza, harmonia, repulsão. 


Fredrik Raddum, Transferência , 2017, bronze, Noruega

Emil Alzamora, Albedo, 2014, bronze, EUA 

Bruno Catalano, Viajante, 2013, bronze, França

Jerzy Kedziora, Homem atravessando o rio, 2004, bronze, Polônia



ARNHEIM, Rudolf. Arte e percepção visual: uma psicologia da visão criadora. 10. ed. São Paulo, SP: Cengage Learning, 2012.