domingo, 16 de setembro de 2018

ARLEQUIM E MULHER COM COLAR

Em 1917, Pablo Picasso vai para Roma com Jean Cocteau para criar a cenografia do ballet Parade, dirigido pelo grupo russo Diaghilev. No contato com o mundo do teatro conheceu o pianista Stravinsky e a bailarina Olga Koklova, com quem se casou no ano seguinte. Durante esse período pintou a tela Arlequim e mulher com um colar, onde representou um casal dançando sobre um pequeno palco com as formas abstratas características do cubismo sintético, em tons de azul, cinza e preto. O Arlequim, personagem cômico italiano que divertia o público no intervalo dos espetáculos, formava um trio amoroso com o Pierrô e a Colombina, se tornando um símbolo pessoal para Picasso, que o representou em várias de suas obras. Um pequeno homem sobre o palco faz com que os dançarinos pareçam maiores. O uso do pontilhismo como elemento decorativo na tela é uma referência ao pintor Seurat, cujas obras Picasso visitou na Galeria Bernheim-Jeune, em Paris, no ano anterior, e o efeito vai aparecer em outros trabalhos. As figuras são percebidas pelas relações de figura e fundo, conforme os princípios da Gestalt. No cubismo sintético a apresentação dos planos é reduzida e esquemática e as cores são fortes. A fase sintética, recuperou um pouco da imagem real do objeto perdida durante o período analítico, tornando as formas mais decorativas. Depois de pronto, Picasso mostrou o trabalho para o pintor futurista Gino Severini e disse que havia se inspirado na pureza das formas do pintor neoclássico Dominique Ingres.

RICHARDSON, John. A Life of Picasso: The Triumphant Years, 1917-1932. EUA: Random House, 2007.

Arlequim e mulher com colar, Pablo Picasso, 200 x 200 cm, óleo sobre tela, 1917. Cubismo sintético.

Nenhum comentário:

Postar um comentário